56 vAria
tidAo de factos cientificamente averiguados, que, pe!a sua apariędo błusca cm extremo grau de complexidade, sem precedentes admis-siveis, tornam mais aceitdvel o criacionismo; 3.° da necessidade de outorgar A mentalidade humana e As fóręas espiriiuais urn papel e uma categoria que o materiałismo e o mecanicismo intei-ramente Ihes contestam.
Suponho que, em mais dum Iugar, o sr. dr. Valente considera o transformismo como materialista e mecanicista. Na verdade hd,. pordm, entre os transformistas moderados. muitos vitalistas e cspi-ritualistas. Bem o sabe o A. que, alids, contesta encontrar-se o transformismo jd esboęado em palavras de Padres da Igreja. Ora, ocorrc-nos que, relativamente a Santo Agostinho, aludimos em 1926, na 2/ edięAo do nosso livro Homo, A tese contestada, baseando-nos na leitura de Zahm, insuspeito de-certo a urn teólogo intransigente na defesa da veracid8de do texto mosdico. E, na «ExposięŚo do dogma catdlico > que fez na enciclopćdia religiosa Ecdesia, o director do Semindrio de S. Sulpfcio, de Paris, Paul Pigud, escreveu: «CriaęAo nAo exclue necessAriamente qual-quer evoluęAo. O dcgma da criaęAo instrue-nos sóbre a origem primeira das coisas. Mas 6 bem evidentc que Deus nelas p6s potencialidades de futuro (as razóes seminais de Santo Agostinho), e que estas potencialidades devem surgir cada vez mais amplas e cada vez mais complexas A medida que o homem toma conhecimento do mundo. Aos cientistas pertence a discussAo, contanto que nAo csqueęam o que ć o homem segundo a raz;’.o e segundo a fć>.
O nosso livro Homo conduziu o sr. dr. Valente a induirnos na corrente dos transformistas sem restrięóes. embora tivesse conhecimento do capilulo A controvirsia transformista do nosso livro recente Da Biologia a História que tambdm cita. E, no en-tanto, neste ultimo marcamos uma posięAo nitidamente moderada, sem exclusAo de factos de criaęAo, e num c noulro escritos nAo defendemos nenhum esquema filogenćtico, e nAo ocultamos as iacunas dos conhecimentos actuais a tal respeito.
*
£ curioso que o sr. dr. Valente recusa globalmente o vaior de «argumentos sćrios> a tudo o que, da anatomia comparada, da paleontologia, da embriologia, etc., se tern invocado como favordvel A doutrina da existenda de transformaęóes. e baseia-se,. pelo contrdrio, em tódas as duvidas e hesitaęóes honestamente expostas por transformistas e em tódas as asseręóes, mesmo as mais vagas ou dogmdticas, que contra o transformismo tern sido apresentadas por alguns cientistas. Se nSo estivćssemos conven-cidos da boa fć do Aulor, ndo poupariamos a severos comen-Idrios o scu mćtodo de discussfio e passagens do seu trabalho,. como aquela em que diz que a Biologia declarou guerra & Cria-ęflo, ou a que diz fora do mćtodo cientifico a nossa frase de que <a filiaędo do homem em formas animais anteriores, surge actualmente h maioria ou generalidade dos naturalistas que se ocupam do assunto, ndo apenas como uma hipdtese admissivel, mas como doulrina verosfmil e mais atć demonstrada*. Organise-se uma estatistica de antropólogos como tais considerados nos meios cienlificos e verifique-se quantos sflo os que nflo aceilam o transformismo na origem humana. Hd muitos naturalistas quc con-trariam o transformismo — particularmente no que respeita ao homem — mas na sua grandę maioria, nfio sdo <os que se ocupam cspecialmente do assunto*, ndo sdo anlropdlogos bem ao facto da anatomia comparada, da paleontologia do homem e dos primatas, etc. Talvez o mimero dos anti-transformistas v& numentando. Presumo atć que assim serd, porque apds ter sido moda ser-se transformista, estd vi*ivelmente surgindo a moda oposta. Os cientistas sdo homens, e como tais influenciados pelas modas.
Por emquanto, porćm, a grandę maioria ou a qudsi totali-dade dos antropologistas 6 ainda transformista. No ultimo Con-gresso Internacional de Antropologia em Londres nem urn s<5 dos 1200 congressistas ergueu a sua voz a contestar a asserędo dum deles de que todos os biologistas consideram o homem des-cendente de formas animais anteriores, e os dcbates sdbrc a origem humana Iraduziram, de facto, esta orientaędo naquela assem-blea cientifica internacional em que se encontravam muitos dos mais categorisados anlropólogos do mundo.
Tódas as aproximaęóes que a anatomia comparada sugeriu entre espćcie* diferentes, sSo, entretanto, gratuitamente declaradas pelo sr. P.e Valente como provas do piano seguido na Criaę&o e nflo como provas dc relaęóes genealdgicas entre as espćcies. Pois estas relaęfies sdo admissiveis, sem excluir os factos de criaęfio na origem da vida ou de certas estruturas complexas. Quando a verificaęflo da semelhanęa entre dois individuos nos conduz a presumir o seu parentesco, pode dizer-se que esta presunęHo se nflo funda num argumento sćrio, mormente sendo a verificaęflo feita por tćcnicos? Ficam sempre em suspenso, no estudo cien-tifico dos mecanismos da vida, muitos mistćrios, muitas maravilha$. Deve porisso a Ciencia ser foręada a cruzar os braęos, dando como v3os todos os seus esforęos para reduzir h condiędo do processos considerados naturais, os fendmenos da Biologia?
I