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ANALISTA JUDICIÁRIO DE TRIBUNAIS ELEITORAIS 

Noções de Administração Pública 

Elisabete Moreira 

Aula 3 

 

A necessidade de implantação do modelo 

gerencial no Brasil, segundo o PDRAE, deve-

se  ao  fato  de  ainda  persistirem  práticas 

patrimoniais  e  excessos  do  modelo 

burocrático

que 

se 

apresentavam 

superados e não atendiam mais a realidade. 

 

É importante frisar que isso não significa 

que esses modelos deixaram de existir. Ao 

contrário,  alguns  estudiosos  afirmam  que  os 

três modelos ainda coexistem. 

 

Também,  não  se  trata  de  descartar  a 

administração 

racional-legal, 

mas 

de 

manter as suas características que ainda são 

válidas 

para 

garantir 

efetividade 

à 

administração. 

 

O  modelo  gerencial  se  apoia  e 

conserva  alguns  princípios  fundamentais 

da burocracia, embora flexibilizando, como 

rigorosa 

profissionalização 

da 

administração 

pública

que 

continua 

princípio  fundamental.  Além  disso,  têm-se  os 

seguintes 

princípios 

burocráticos 

apoiadores 

orientadores 

do 

gerencialismo: 

 

  Admissão segundo rígidos critérios de 

mérito;  

  Existência de um sistema estruturado 

e universal de remuneração: carreiras; 

   Avaliação constante de desempenho;  

  Treinamento sistemático.  

 

1.3.1.  A Reforma Gerencial Britânica 

 

Passou  por  três  momentos  e  ainda  é  um 

modelo em evolução. 

 

 

 

1

.3.2.  O  Movimento  “Reinventando  o 

Governo” 

 

Movimento  americano  de  reforma  do  estado, 

ligado ao governo empreendedor.   

O sistema institucional deve reinventar-se e: 

  Orientar-se para objetivos 

— ou por 

missões e não por regras e 

regulamentos; 

  Mensurar o desempenho das 

agências através dos resultados; 

  Buscar a qualidade total como 

método administrativo; 

  Transferir o poder aos cidadãos 

(descentralização) para tentar garantir 

equidade 

– justiça redistributiva, a 

transparência e a accountability.  

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Noções de Administração Pública 

Elisabete Moreira 

Aula 3 

 

  Realizar a competição entre os 

prestadores de serviço; 

  Redefinir os usuários como clientes

em complemento ao conceito de 

cidadão;  

  Atuar na prevenção dos problemas 

mais do que no tratamento ou na cura; 

  Priorizar o investimento na produção 

de recursos, e não em seu gasto; 

  Descentralizar a autoridade; 

  Preferir os mecanismos de mercado 

às soluções burocráticas; 

  Catalisar a ação do setor público

privado e voluntário - navegado em 

vez de remar. 

 

1.3.3. A reforma Bresser 

– PDRAE 

 

Plano  Diretor  da  Reforma  do  Aparelho  do 

Estado - PDRAE apregoava:  

(1) o ajustamento fiscal duradouro;  

(2)  reformas  econômicas  orientadas  para  o 

mercado, que, acompanhadas de uma política 

industrial 

tecnológica, 

garantam 

concorrência interna e criem condições para o 

enfretamento da competição internacional;  

(3) reforma da previdência social;  

(4)  a  inovação  dos  instrumentos  de  política 

social,  proporcionando  maior  abrangência  e 

promovendo  melhor  qualidade  para  os 

serviços sociais;  

(5)  a  reforma  do  aparelho  do  Estado,  com 

vistas  a  aumentar  sua  ‘governança’,  ou  seja, 

sua  capacidade  de  implementar  de  forma 

eficiente políticas públicas (PDRAE, p. 16).  

 

Observações importantes: 

  O  Estado  vem  abandonando  o  papel 

de  executor  ou  prestador  direto  de 

serviços,  mantendo-se,  entretanto,  no 

papel  de  regulador,  provedor  ou 

promotor;  

  Como  promotor  desses  serviços,  o 

Estado  continuará  a  subsidiá-los,  a 

controlá-los  e  regulamentá-los,  o 

que  não  necessariamente  significa 

uma  diminuição  de  seu  tamanho, 

mas uma alteração de atuação. 

  Nenhum  país  da  região  completou  a 

construção  do  modelo  burocrático-

weberiano  nos  moldes  das  nações 

desenvolvidas,  apesar  de  ter  ocorrido 

a implantação de importantes núcleos 

de  excelência  e  de  regras  de  mérito 

no  serviço  público  em  vários  casos 

latino-

americanos  [...]”  (CLAD,  1999, 

p. 126).   

 

1.3.4. Governo Lula 

 

 

Lançou  o  Plano  de  “Gestão  Pública 

para  um  país  de  todos”  que  foi 

incorporado  ao  PPA  2004-2007  e 

contemplava:    maior  atuação  do 

estado 

para 

cobrir 

déficit 

institucional;  aumento  da  governança, 

da  eficiência,  transparência  e  foco  no 

cidadão. 

Participação 

ativa 

dos 

servidores públicos com recomposição 

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dos  quadros,  carreira  e  condições 

gerenciais  da  burocracia.  Uso  de 

instrumentos, 

ferramentas 

metodologias 

para 

solução 

dos 

problemas  e  resgate  da  ética  e 

simplificação administrativa. 

 

Gestão  por  resultados  no  setor  público: 

metodologias  de  gestão;  avaliação  de 

programas  e  projetos  públicos;  indicadores 

de  desempenho;  gestão  pública  eficiente, 

eficaz e efetiva

 

 

A  base  para  construção  de  uma 

gestão  para  resultados  é  o  estabelecimento 

de  objetivos  e  a  criação  de  indicadores  de 

desempenho que possam medir os resultados 

e o alcance dos objetivos.  

 

Características: 

  Parcerias  com  o  setor  privado  e  com 

o setor voluntário (ONGs); 

  Avaliação 

de 

desempenho 

individual 

de 

resultados 

organizacionais

atrelados 

indicadores 

de 

qualidade 

produtividade;  

  Autonomia  aos  administradores  e  às 

agências 

governamentais, 

horizontalizando a estrutura;  

  Descentralização 

política: 

transferindo  recursos  e  atribuições 

para as demais esferas, com poder de 

decisão próximo ao cidadão; 

  Melhoria  da  qualidade  e  aumento  da 

accountability; 

  Descentralização 

administrativa 

(delegação de autoridade); 

  Confiança limitada; 

  Estabelecimento  do  conceito  de 

planejamento estratégico;  

  Flexibilização  das  regras  que  regem 

a burocracia pública; 

  Profissionalização 

do 

servidor 

público,  através  de  políticas  de 

motivação, 

de 

desenvolvimento 

pessoal  e  revalorização  a  questão  da 

ética no serviço público; 

  Desenvolvimento  das  habilidades 

gerenciais dos funcionários; 

  Competição administrada; 

  Princípio  da  subsidiariedade,  como 

base do conceito de descentralização. 

  Ênfase  e  orientação  da  ação  do 

Estado para o cidadão-cliente

  Controle  social  com  mecanismo  de 

prestação  de  contas  e  avaliação  de 

desempenho; 

  Vê  o  cidadão  como  contribuinte  de 

impostos e como cliente de se seus 

serviços;  

  Na administração pública gerencial os 

resultados  são  considerados  bons 

não 

porque 

os 

processos 

administrativos  estão  sob  controle  e 

são  seguros  (isso  é  característico  da 

APB), mas porque as necessidades do 

cidadão-cliente 

estão 

sendo 

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atendidas 

(interesse 

público 

– 

diferenças do significado; 

  Ênfase 

no controle “a posteriori”, de 

resultados,  com  definição  precisa 

dos objetivos

 

Governabilidade, Governança e 

Accountability 

 

Governabilidade 

 

  Refere-se  à  capacidade  política  de 

governar,  a  forma  de  governo,  a 

relação  com  os  demais  poderes  e  os 

partidos políticos; 

  São 

condições 

substantivas, 

sistêmicas, 

institucionais 

materiais de exercício do poder. 

  Relaciona-se  à  legitimidade  de 

governar  derivadas  da  sua  postura 

diante  da  sociedade  civil  e  do 

mercado 

(em 

um 

regime 

democrático),  com  vistas  a  exercer 

sua missão. 

  É a capacidade que o Estado tem para 

agregar  os  múltiplos  interesses 

disperso

pela 

sociedade 

apresentar-lhes  um  objetivo  comum 

para o curto, médio e longo prazo.  

 

Governança 

 

  É  a  capacidade  que  determinado 

governo 

tem 

para 

formular 

implementar  as  suas 

políticas, assinalando-se a gestão das 

finanças  públicas,  dos  recursos,  da 

técnica,  entendidas  como  as  mais 

relevantes  para  o  financiamento  das 

demandas da coletividade. 

  É  o  sistema  que  assegura  o  governo 

estratégico 

efetivo 

monitoramento  da  alta  administração, 

por meio de práticas de medição como 

auditorias,  unidades  de  controle 

interno  e  externo,  visando  assegurar 

equidade, 

transparência 

responsabilidade pelos resultados. 

 

Governança Pública 

 

 

“O  exercício  da  autoridade,  controle, 

administração,  poder  de  governo”. 

Precis

ando melhor, “é a maneira pela 

qual 

poder 

é 

exercido 

na 

administração  dos  recursos  sociais  e 

econômicos  de  um  país  visando  o 

desenvolvimento”, implicando ainda “a 

capacidade  dos  governos  de  planejar, 

formular  e  implementar  políticas  e 

cumprir  funções”  (Banco  Mundial, 

1992). 

 

  Refere-se  ao  modus  operandi  das 

políticas  governamentais:  questões 

ligadas ao formato político-institucional 

do  processo  decisório,  à  definição  do 

mix  apropriado  de  financiamento  de 

políticas  e  ao  alcance  geral  dos 

programas”. 

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  A  governança  tem  um  caráter  mais 

amplo.  Pode  englobar  dimensões 

presentes na governabilidade, mas vai 

além. Baseia-se em múltiplos arranjos 

com  a participação de diversos atores 

(estado,  terceiro  setor,  mercado)  no 

desenvolvimento, 

na 

gestão 

de 

políticas  públicas  e  no  provimento  de 

serviços. 

 

  Este 

modelo 

não 

diminui 

importância do estado, mas qualifica-o 

com  o  papel  de  orquestrador, 

direcionador  estratégico,  indutor  e 

fomentador essencial para a ativação 

e  orientação  das  capacidades  dos 

demais  atores.  Promove  a  adoção  de 

modelos  de  gestão  pós  ou  neo 

burocráticos, 

tais 

como: 

redes 

modelos 

de 

gestão 

orgânicos 

(flexíveis,  orientados  para  resultados, 

foco  no  beneficiário),  mecanismos 

amplos  de  accountability,  controle  e 

permeabilidade 

 

Accountability  

 

  Termo da língua inglesa que remete à 

obrigação  de  membros  de  um  órgão 

administrativo  ou  representativo  de 

'prestar 

contas' 

instâncias 

controladoras 

ou 

seus 

representados.  

  Outro 

termo 

usado 

é 

da 

'responsabilização'

sendo 

um 

conceito  frequentemente  usado  em 

circunstâncias 

que 

denotam 

responsabilidade 

social, 

imputabilidade, 

obrigações 

prestação de contas.  

  Pode 

ser 

classificada 

em 

accountability horizontal (agências e 

órgãos estatais) e vertical (pelo voto e 

eleição).  Está  diretamente  ligada  à 

transparência 

da 

gestão 

ao 

princípio da publicidade.